O mau agouro da disputa entre Dirceu e Palocci ecoa em Lula 3

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O mau agouro da disputa entre Dirceu e Palocci ecoa em Lula 3

Tão logo assumiu seu primeiro mandato na Presidência da República, Lula viu se desenrolar uma intensa disputa de poder entre do

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Tão logo assumiu seu primeiro mandato na Presidência da República, Lula viu se desenrolar uma intensa disputa de poder entre dois de seus principais auxiliares: o chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. O primeiro era considerado uma lenda na esquerda, desfilava como o mais influente dirigente do PT e cuidava das negociações com o Congresso. O segundo carregava os louros da Carta ao Povo Brasileiro, com a qual Lula acenou ao mercado, e gozava de prestígio com empresários, banqueiros e até líderes da oposição.

Empoderados pelo chefe, Dirceu e Palocci não rivalizavam apenas sobre os rumos da administração. Ambos sonhavam ser escolhidos por Lula para sucedê-lo na Presidência. Ambos tinham projetos eleitorais próprios. E ambos, em diferentes momentos, foram abatidos por escândalos de corrupção e ficaram pelo caminho. Palocci, por exemplo, sempre suspeitou de fogo amigo petista por trás de sua derrocada.

Regras do jogo

Embates entre ministros são comuns em governos. Em tese, contribuem para o debate, ajudam a arejar o ambiente e fazem a equipe avançar. O problema é quando descambam para a guerrilha interna, a conspiração e a sabotagem, que podem alimentar crises e atrapalhar a administração. Lula conhece bem esses riscos, mas gosta de estimular certas rivalidades.

No ano passado, no primeiro ano de seu terceiro mandato, o presidente foi alertado pelo comandante da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de que disputas entre seus principais auxiliares estavam gerando uma série de problemas — entre eles, descumprimento de acordos políticos variados, da liberação de verbas a nomeações para cargos.

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Lira chegou a sugerir a Lula que anunciasse logo sua candidatura à reeleição em 2026 para conter o ímpeto por poder de alguns de seus ministros. O recado tinha destinatários diversos, mas era motivado por uma situação bem específica. O deputado, como boa parte de Brasília, achava que o chefe da Casa Civil, Rui Costa, minava a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foi como uma volta no tempo.

Ex-governador da Bahia, Rui Costa discorda com frequência de posições defendidas por Haddad, como no caso da meta fiscal e do pagamento de dividendos extras aos acionistas pela Petrobras. Petistas, como José Dirceu, afirmam que Costa trabalha para derrubar Haddad — ou, pelo menos, para convencer o presidente de que, se a política econômica do ministro for mantida, faltarão recursos para programas prioritários. O problema do governo não seria de gestão, ou de responsabilidade de Rui Costa, mas de planejamento econômico, sob alçada de Haddad.

O chefe da Casa Civil e o titular da Fazenda não são propriamente próximos e têm estilos bem diferentes. Rui Costa se apresentou como opção a candidato à Presidência em 2018, quando Lula estava preso pela Lava-Jato, mas acabou preterido por Haddad, que concorreu naquela eleição. Como ocorreu com Dirceu e Palocci no passado, os dois ministros ainda sonham em disputar o Planalto. Até aqui, Lula não escolheu de forma clara quem será seu sucessor. Sob a negligência do presidente, a disputa de poder continha a ganhar tração — trazendo com ela os riscos inerentes a esse tipo de situação.

Fonte: Externa