Cientistas indianos descreveram aquela que pode ter sido uma das maiores serpentes que já existiram. Os pesquisadores do Indian
Cientistas indianos descreveram aquela que pode ter sido uma das maiores serpentes que já existiram. Os pesquisadores do Indian Institute of Technology Roorkee publicaram artigo sobre a descoberta nesta quinta-feira, 18, na revista Scientific Reports. Batizada Vasuki Indicus, a espécie teria vivido há 47 milhões de anos, nas imediações de Gujarat, na Índia.
Com comprimento estimado entre 11 e 15 metros, a serpente fazia parte da já extinta família de cobras Madtsoiidae, mas representava uma linhagem distinta, originária da Índia. Os autores, Debajit Datta e Sunil Bajpai, descrevem 27 vértebras em sua maioria bem preservadas, algumas das quais articuladas, que parecem ser de um animal adulto.
As vértebras foram recuperadas de um sítio na cidade de Kutch e medem entre 37,5 e 62,7 milímetros de comprimento e 62,4 e 111,4 milímetros de largura, sugerindo um corpo largo e cilíndrico. A nova espécie é chamada de Vasuki Indicus em homenagem à mítica serpente em volta do pescoço da divindade hindu Shiva e em referência à cultura da Índia.
O estudo inclui pistas sobre o modo de vida do animal, clima em que viveu, distribuição pelo mundo e evolução do grupo. Conforme interpretações dos fósseis e comparações com serpentes atuais, é possível que Vasuki Indicus tenha habitado ambientes alagados, sem ter sido exclusivamente aquática.
Os autores interpretaram que o tamanho do animal não possibilitaria que ele perseguisse presas de forma ativa, tendo provavelmente um comportamento de predação mais lento e baseado na força, parecido com o das anacondas. Outras análises revelaram que o clima em que essa serpente viveu era tropical, com temperatura média em torno de 28 graus Celsius — mais quente que a média da atualidade e pode explicar a existência de serpentes gigantes nesse intervalo de tempo.
As descobertas são importantes para a compreensão das formas de dispersão de Madtsoiidae pelo mundo. Há até mesmo registro de uma espécie de Madtsoiidae no Rio de Janeiro. “Com base nesse novo fóssil, os autores defendem que ela pode ter se originado na Índia e se dispersado para o norte da África através do sul da Eurásia”, disse a professora Mirian Pacheco, pesquisadora do Departamento de Biologia da Universidade de São Carlos, que não participou do estudo.
Os próprios pesquisadores reconhecem que essa interpretação pode ser problemática, principalmente porque os ossos do crânio são muito mais importantes que as vértebras para um estudo mais detalhado sobre as relações evolutivas do grupo, e Madtsoiidae é uma família que carece desses achados. “Mesmo diante dessas limitações, os dados desse novo estudo fortalecem evidências fósseis anteriores de que a origem desses tipos de serpentes tenha ocorrido no hemisfério sul”, completou a especialista.